Universo Moda

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quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Moda é Política



Paulo Borges é um homem de fala mansa, porém firme, aos 45 anos, vinte oito deles dedicados ao mercado fashion, acredita que a moda é sua missão e se entrega a ela sem restrições. Ele veio a Natal a convite do Sebrae para proferir uma palestra no Natal Fashion sobre a importância da marca e nos concedeu essa entrevista exclusiva onde fala sobre seu evento o São Paulo Fashion Week, presente e futuro, a indústria têxtil, criadores, internacionalização, política. Confira os principais trechos abaixo.


Marca

È um instrumento de trabalho, gera fomento de desenvolvimento. O Brasil esta aprendendo a trabalhar a moda que é muito jovem. O SPFW existe por causa do negócio da moda que tem a capacidade de envolver pessoas, temos a função de identificar o design, a inovação, alçar o Brasil a percepção internacional. Somos uma plataforma que tem o evento, um portal, o jornal e a revista, todos com selo de proteção ambiental, somos neutros na emissão de carbono. Estamos no quinto lugar das semanas de moda no mundo junto Nova York, Milão, Londres e Paris.

Um produto para se firmar hoje tem que ter verdade, qualidade e sentido e para construção da marca são importantes os seguintes fatores: o controle, a inovação, transparência e a responsabilidade social, num trabalho continuo.

Meu pensamento da marca/evento SPFW foi feito para trinta anos, no mundo da moda quanto mais tempo tem uma marca melhor ela é percebida. Há primeira década foi a da implantação, a segunda da qualidade e a terceira será a da internacionalização. O tema da próxima edição em janeiro de 2009 é Felicidade, que gera interface na criação e a de junho será Paixão, pois é o ano da França no Brasil.


Números e Negócios

O país tem 30 mil empresas no setor, com faturamento de 50Bilhões de reais ao ano, e emprega 1.700.000 pessoas, sendo a segunda indústria do país, e cresceu em geração de empregos na ultima década 5%, nem o país cresceu isso. O evento (SPFW) movimenta R$1,5 bilhão nas duas edições anuais. O faturamento da cidade em bares, restaurantes, cinemas, lojas tem um aumento de 25% a 30%, nivelando-se com outros eventos já consolidados na cidade como: Bienal de Artes, Formula um e a Parada Gay. Temos R$ 350 milhões de mídia espontânea gerada nos sete dias de evento. Só perdemos em mídia para o futebol que é a grande paixão nacional. Hoje temos 150 cursos de moda espalhados pelos estados sendo que 30 deles são de nível superior


Eventos Locais

Eles têm um papel de educar, fazer a lapidação, dar entendimento de moda, no trabalho com a cultura regional. Existe uma simplificação da cultura local que é sobreposta à informação global. O hand made local se perde, a forma fica igual em todos os lugares, o que poderia ser importante fica secundário. O estilista não esta criando. E a informação hoje esta disponível ao alcance da telinha do computador, se o criador não tem esta perdido.


Brasil

Precisamos urgentemente de mudanças gerais (tributarias, trabalhista), pois o país perdeu a passagem para evolução faz tempo. A Itália fez isso nos 60/70 onde era considerada dormitório (costurava, fornecia matéria-prima) industrial para França, e hoje exporta design para o mundo. Nos não crescemos mais por falta de capital, não temos política de desenvolvimento, precisamos desonerar, ter uma economia criativa que foi o que salvou a Inglaterra e o Japão. Pensar o Brasil de forma múltipla e convergente, juntar as agências de fomento, educar e treinar. Não exportamos mais, pois é caro é uma política de longo prazo. O mundo ainda compra hoje do Brasil porque é barato.

Precisamos de fábricas de roupas com qualidade para as marcas. Não tem política para a moda, tem dinheiro para as máquinas, mas não para a produção. Eu tento há 25 anos fazer a parceria da indústria têxtil com a confecção. Hoje existem cinco ou seis conglomerados de origem fabril e financeira, e isso vai provocar uma mudança no mercado a médio prazo, e isso faz parte da internacionalização.


Estilistas

Os novos estilistas devem ficar dez anos trabalhando para os outros primeiro, para depois ter sua marca, seu nome e seu negócio. Já vi muito novatos se endividarem por falta de humildade e experiência. E arregacem as mangas para trabalhar, o sucesso do Alexandre Hercovitch, por exemplo, se deve ao fato de muito trabalho (ele trabalha da 6h da manhã as 21horas) sorte e preparo profissional.

Os estilistas dos anos 80 suplantaram as marcas, entenderam o processo de gestão, de transferir o valor da marca para conglomerados, booms da moda como negócio.

A roupa mais bem feita para mim hoje é do casal Glória Coelho e Reinaldo Lourenço.


Foto: Diego Negrelos

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